Logunedé
Logunedé ou Logun
Ede, do iorubá Lógunède é um orixá africano que na maioria dos mitos costuma
ser apresentado como filho de Oxum Ipondá e Oxóssi Ibualama, do iorubá
Ibùalámo. Segundo as lendas, vive seis meses nas matas caçando com Oxóssi e
seis meses nos rios pescando com Oxum. É cultuado na nação Ijexá como sua mãe,
mas também nas nações Ketu e Efan, sendo o seu culto muito difundido no Rio de
Janeiro.
No entanto, existem
outras versões acerca de sua filiação. Se na maioria dos mitos, Logunedé surge
como filho de Oxum e Oxóssi, em outros, um pouco mais raros, aparece como filho
de Ogun e Iansã. Há, ainda, histórias que contam a lenda de Logunedé como filho
desses quatro Orixás, apresentando-o como nada mais, nada menos que uma
representação dos Orixás Gêmeos, Ibeji.
Simultaneamente
caçador e pescador, Logunedé é o herdeiro dos axés de Oxum e Oxóssi que se
fundem e se mesclam como mistério da criação, trata-se de um orixá que tem a
graça, a meiguice e a faceirice de Oxum à alegria, à expansão de Oxóssi. Se
Oxum confere a Logunedé axés sobre a sexualidade, a maternidade, a pesca e a
prosperidade, Oxóssi lhe passa os axés da fartura, da caça, da habilidade, do
conhecimento.
Essa característica
de unir o feminino de Oxum ao masculino de Oxóssi, muitas vezes o leva a ser
representado como uma criança, um menino pequeno ou adolescente, formando mais
uma tríade sagrada na História das religiões. Com Logunedé, completa-se o triângulo
iorubá pai, mãe e filho que também se repete nas trilogias católica (Pai, Mãe e
Espírito Santo), egípcia (Ísis, Osíris e Hórus), hindu e tantas outras.
Como símbolo da
pureza, muitas vezes Logunedé também é visto como um ser andrógino. Ao
contrário do que muitos pensam, Logun Ede não é de características masculina e
feminina, não é bissexual. Na verdade possui uma grande relação com Òsun, sua
mãe e com Erinlé, seu pai, trazendo consigo a personalidade desses dois Òrìsà e
algumas características marcantes, mas nada que o transforme em um hermafrodita
que durante seis meses é Oboró e seis meses Ìyábá como algumas pessoas assim o
dizem e usam deste artifício para denotações homossexuais.
Existem templos
para Logun Ede em Ilesa, seu lugar de origem, onde em alguns itans é citado
como um corajoso e poderoso caçador, que tamanha coragem é relacionada a de um
leopardo. Casado com três esposas. De culto diferenciado e totalmente ligado ao
culto a Òsun, é um Orisa de extremo bom gosto. Seus objetos devem permanecem
junto aos assentos de Osun e sempre quando agradado devemos agradar sua mãe.
Tem predileção ao dourado, é um Orisa muito vaidoso, é considerado o mais
elegante de todos os Orisas.
De Òsun, sua mãe,
Logun Ede herdou o lado belo e vaidoso. Pois Òsun lança mão de seu dom sedutor
para satisfazer a ambição de ser a mais rica e a mais reverenciada. Deusa da
fertilidade, na Nigéria é dela o rio que leva o seu nome e no Brasil dela são
as águas doces dos lagos, fontes e rios. Água que mata a sede dos humanos e da
terra, que assim se torna fecunda e fornece os alimentos essenciais à vida.
Òsun menina dengosa, passando pela mulher irresistível até a senhora protetora,
Òsun é sempre dona de uma personalidade forte, que não aceita ser relegada a
segundo plano, afirmando-se em todas as circunstâncias da vida. Com seus
atributos, ela dribla os obstáculos para satisfazer seus desejos.
De Erinlé, seu pai,
Herdou o dom da caça, pois Erinlé é da família dos Ode e seu símbolo é o ofá, a
lança de caça e o ogue. Erinlé é a representação do desenvolvimento do homem,
conhece os segredos da caça, também símbolo de prosperidade e formação de
comunidades. Ele busca o alimento com coragem e é considerado o guerreiro das
matas, é corajoso, viril e Logun-odé tem estas características, é um Òrìsà
guerreiro. Mas se, em várias tradições, ele é considerado um orixá masculino,
em algumas é confundido com a homossexualidade ou a bissexualidade, o que
ocorre quando se interpreta ao pé da letra o mito que afirma viver Logunedé
seis meses como homem e seis meses como mulher. Na verdade, a interpretação
mais aceita seria que essa se trata de uma metáfora para falar dos axés
herdados por ele de seus pais, Oxum e Oxóssi.
Após ser abandonado
e viver com Ogum, aprende com ele as artes da guerra e da metalurgia. É coroado
por Iansã como o príncipe dos Orixás. É amigo íntimo de Yewá, seriam eles os
Orixás que se complementam, considerados o par perfeito.
Num mito raro,
Logunedé se perde no caminho entre as casas de Oxum e Oxóssi, é encontrado pelo
velho Omolu que o ampara e protege. Com Omolu, Logunedé aprende a arte da cura
e a feitiçaria. O seu primeiro nome, Logun, no Brasil se mesclou ao segundo,
Edé, nome da cidade iorubá na qual o seu culto se fortaleceu, formando
Logunedé. Logun pode ser uma abreviatura de Ologun que, em iorubá, quer dizer
feiticeiro.
Então, feiticeiro,
caçador, pescador, príncipe guerreiro, esses são alguns títulos, alguns
epítetos dados à Logunedé. Para Mãe Menininha do Gantois, "Logun é santo
menino que velho respeita".
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