Nanã
Nanã Buruku (ou
Nanã, Nanã Buluku, Nanã Buru, Nanã Boroucou, Nanã Borodo, Anamburucu, Nanã
Borutu), é um nome pertinente a um vodun e orixá das chuvas, dos mangues, do
pântano, da lama (barro molhado), senhora da Morte, e responsável pelos portais
de entrada (reencarnação) e saída (desencarne). Identificado no jogo do
merindilogun pelos odu ejilobon e representado materialmente pelo candomblé
através do assentamento sagrado denominado igba nanã.
Em sua passagem
pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais vaidosa, em nome da qual desprezou
seu filho primogênito com Oxalá, Omolu, por ter nascido com várias doenças de
pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o numa
praia, Iemanjá o achou abandonado, quase morrendo e o curou e o criou como se
fosse sua mãe, dando todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez, Oxalá
condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam anormais (Oxumarê, Ewá e
Ossaim), e a expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver num pântano
escuro e sombrio, lugar onde pensou em abandonar seu pobre filho, mas desistiu,
pois na praia seu filho morreria mais rápido.
Nanã é dona de um
cajado, o ibiri. Suas roupas parecem banhadas em sangue, Orixá das águas
paradas que mata de repente, ela mata uma cabra sem usar faca. É considerada o
Orixá mais antigo do mundo. Quando Orunmilá chegou aqui para frutificar a
terra, ela aqui já estava. Nanã desconhece o ferro por se tratar de um Orixá da
pré-história, anterior à idade do ferro. O termo "nanan" significa
raiz, aquela que se encontra no centro da terra. Nanã tornou-se uma das Iyabás
mais temidas, tanto que em algumas tribos quando seu nome era pronunciado todos
se jogavam ao chão. Senhora das doenças cancerígenas, está sempre ao lado do
seu filho Omolu. Protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes
visuais. É um vodun, segundo alguns pesquisadores, originário de Dassa-Zoumé, é
uma velha divindade das águas. Pierre Verger encontrou um Templo Dassa-Zoumé e
o sacerdote do seu culto.
A área que abrange
seu culto é muito vasta e parece estender-se de leste, além do rio Níger, até a
região Tapá, a oeste, além do rio Volta, nas regiões dos "guang", ao
nordeste dos Ashanti.
Entre os fon e mahi
ela é considerada uma divindade hermafrodita, anterior a Mawu e Lissá, aos
quais teria dado origem em associação com a "serpente do Universo"
Dan Aido Hwedo. Para os ewes e minas, ela é às vezes vista como um vodun masculino
(Nana Densu), esposo da grande mãe das águas Mami Wata.
Brasil
Nanã Buruku é
cultuada no Candomblé Jeje como um vodun e no Candomblé Ketu como um orixá da
chuva, das águas paradas, mangue, pântano, terra molhada, lama e considerada a
mãe dos orixás Obaluaiyê, Iroko, Osanyin, Oxumarê e Yewá.
Nanã é chamada
carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como uma anciã.
É cultuada em todo o Brasil nas religiões Afro-brasileiras. Seu emblema é o
Ibiri que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como
"Mãe-Terra Primordial" dos grãos e dos mortos, Nanã Buruku poderia
ser equiparada à deusa greco-romana Deméter-Ceres-Cíbele.
A existência do
culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à descoberta do
ferro, por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados objetos cortantes
de metal.
O baobá
("Adansonia digitata L.", em iorubá ossê e em Fon akpassatin) é sua
árvore sagrada.
No sincretismo
afro-católico, Nanã Boroquê, como é chamada na Umbanda, é equiparada à Sant'Ana.
Nanã no Batuque -
RS: Nanã no Batuque (Religião Afro-Gaúcha) é a Iemanjá mais velha de todas,
embora não seja Iemanjá.
Arquétipo
São conservadores e
presos aos padrões convencionais estabelecidos pelos homens. Passam aos outros
a aparência de serem calmos, mudando rapidamente de comportamento, tornando-se
guerreiros e agressivos; quando então, pode ser perigoso, o que assusta as
pessoas. Levam seu ponto de vista às últimas consequências, tornando teimosia.
Quando mãe é apegada aos filhos e muito protetoras. São ciumentas e
possessivas. Exigem atenção e respeito, são pouco alegres e não gostam de muita
brincadeira. Os filhos deste grande Orixá são majestosos e seguros nas ações e
procuram sempre o caminho da sabedoria e da justiça.
Qualidade de Nanã
Igbayin
Buruku
Igbónán
Asayio
Asanan
Insele
Tinoloko
Ajaosi
Ìkure
Dia: sábado Data:
26 de Julho (dia dos avós no Brasil) Metal: Latão Cores: Branco e azul ou preto
e roxo Comidas: Aberém, mugunzá, mostarda e taioba Símbolos: Ibiri e bradjá
Elementos: Águas paradas e lamacentas Região da África: Ex-Daomé Pedra:
Ametista Folhas: Folha-da-costa, folha de mostarda, manacá, ojú oro, oxibatá,
papoula roxa, quarana Odu que Rege: Odilobá Domínios: Vida e morte, saúde e
maternidade Saudação: Salúba!
As lendas de Nanã
Afirma-se que Nanã
era a rainha de um povo e que tinha poder sobre os mortos. Para roubar esse
poder, Oxalá desposou-a, mas não ligava para ela. Nanã, então, fez um feitiço
para ter um filho. Tudo aconteceu como ela queria, mas por causa do feitiço, o
filho, Omolu nasceu todo deformado. Horrorizada, Nanã jogou-o no mar para que
morresse. Como castigo pela crueldade, quando Nanã engravidou de novo, Orunmilá
disse que o filho seria lindo, mas se afastaria dela para correr mundo. Assim,
nasceu Oxumaré, que durante seis meses do ano vive no céu como o arco-íris, e
nos outros seis é uma cobra que se arrasta no chão.
Em outra lenda,
conta-se que, na aldeia chefiada por Nanã, quando alguém cometia um crime, era
amarrado a uma árvore. Nanã então chamava os Eguns para assustá-lo.
Ambicionando esse poder, Oxalá foi visitar Nanã e deu-lhe uma poção que fez com
que ela se apaixonasse por ele. Nanã dividiu o reino com ele, mas proibiu a sua
entrada no Jardim dos Eguns. Oxalá então espionou-a e aprendeu o ritual de
invocação dos mortos. Depois, disfarçando-se de mulher com as roupas de Nanã,
foi ao jardim e ordenou aos Eguns que obedecessem "ao homem que vivia com
ela" (ele mesmo). Quando Nanã descobriu o golpe, quis reagir, mas como
estava apaixonada, acabou aceitando deixar o poder com o marido. Hoje no Culto
aos Egungun só os homens são iniciados para invocar os Eguns.
Uma terceira lenda
refere que, certa vez, os Orixás se reuniram e começou a discutir qual deles
seria o mais importante. A maioria apontava Ogum, considerando que ele é o
Orixá do ferro, o que deu à humanidade o conhecimento sobre o preparo e uso das
armas de guerra, dos instrumentos para agricultura, caça e pesca, e das facas
para uso doméstico e ritual. Somente Nanã discordou e, para provar que Ogum não
era tão importante assim, torceu com as próprias mãos o pescoço dos animais
destinados ao sacrifício em seu ritual. É por isso que os sacrifícios para Nanã
não podem ser feitos com instrumentos de metal..
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